pai e mãe ajudando filhos na lição de casa

Aprendendo e ensinando em tempos de Corona

Sou professora de inglês, coordenadora pedagógica e tutora de professores em formação inicial ou continuada há 35 anos e nunca tinha visto tamanha revolução! Salve! De fato, uma grande revolução. Levamos anos – e uma crise viral – para percebermos que tudo o que discutimos nas reuniões, nos workshops, nos programas de treinamento não só é possível, mas também necessário. Assim como a apropriação real da tecnologia por todos!

Este caótico isolar-se desnudou a realidade da grande maioria dos usuários de tecnologia: exceto pela mídia social, a maioria das pessoas, incluindo crianças e adolescentes, não faz ideia de como lidar com as ferramentas virtuais desde o simples Word até os editores de vídeos. Consequentemente, a primeira parte do entrar no século 21 é aprendermos como usar novas tecnologias de fato para fins acadêmicos e profissionais além dos sociais; a parte 2 está relacionada a aprendermos diversos conteúdos através de tecnologia aplicada aos processos de descobrir, aplicar as regras, experimentar, corrigir a rota, revisitar, redescobrir, concluir, documentar e apresentar soluções.

Uma vez que a possibilidade assustadora de fazer tudo online se tornou realidade, professores e gestão escolar enfrentam sua reinvenção e finalmente adentram o século 21 e exercitam as habilidades necessárias para tal. Há tanto a explorar na nuvem! Tantas pessoas compartilhando trabalhos incríveis, ferramentas e mais ferramentas: Zoom, Loom, Skype, Khan, BookWidgets, Google classroom, meets, docs, forms, e segue a lista sem fim.

Lembro-me de dizer aos meus alunos em treinamentos para professores que precisávamos que algo muito grande acontecesse para que o gigante educacional acordasse. Voilá, fez-se a luz! Não só os professores de língua inglesa estão trabalhando online, mãos na massa (STEAM-MAKER) e integrando conteúdo e língua (CLIL), mas todos os outros – professores de matemática, ciências, humanidades, educação física, tecnologia – também estão assumindo suas marcas no palco online e finalmente descobrindo o quanto podem se ajudar mutuamente e todos juntos ajudarem seus alunos em comum.

Não há volta aos velhos modos de fazer. Estamos começando um novo capítulo na educação e, esperamos, no modo como as pessoas vivem e se relacionam entre si e com o saber. A escola está ouvindo mais os professores, nós professores estamos ouvindo mais as famílias, que estão assumindo mais de perto seu papel na educação acadêmica de seus filhos. Nós professores estamos analisando melhor nossas atividades propostas: não basta transferir a atividade em papel para a tela, as orientações tem que ser revistas. Por exemplo, desenhe e pinte uma casa passa a ser entre no aplicativo Paintbrush, desenhe e pinte uma casa, recorte e cole seu desenho neste documento. Então, em vez de ponha a atividade na pasta e me entregue, dizemos, salve seu trabalho em seu arquivo nos documentos ou nomeie seu arquivo Paint (seu nome e sala) e salve-o no nosso drive.

Aqueles velhos e não muito usados símbolos de correção de redações se mostram muito úteis e o processo de muitos rascunhos compartilhados para alcançar bons textos fazem muito mais sentido se utilizamos o Google docs para trabalho interativo à distância e a ferramenta comentários para correções.

Os professores também estão descobrindo inúmeras ferramentas para tornar suas atividades online mais atrativas e de fácil acesso – aquela frase sobre fazer para os outros somente aquilo que queremos que façam para a gente nunca fez tanto sentido. Prestar atenção ao layout da página: espaçamentos, fontes, tamanhos e estilos de fontes e imagens e cores, possibilidades de interação, acesso simplificado aos links propostos, sempre autoexplicativos ou bem orientados, estão entre os cuidados mais necessários. Cuidado e carinho redefinem prioridades.

Qual de nós já não pensou na maravilha de terminar uma ideia em vídeo gravado ou em tempo real sem ter que pedir para alguém sentar-se direito, não atrapalhar o colega ou aguardar para ir ao banheiro? Que estudante mais tímido não agradeceu pelo fato de conseguir ouvir o professor completar uma orientação sem interrupções? Contudo, é claro que alunos e professores vão sentir a falta física uns dos outros, mas também perceberão que tanto uns como outros tem papeis essenciais no processo de aprendizagem: ouvir, participar, respeitar, compartilhar, aprender e ensinar são faixas na mesma autoestrada para todos.

O planeta está dando para a educação a chance de mostrar à sociedade que sabemos a que viemos: deixar a educação fluir e fazer seu trabalho é vitória certa para todos nós.

Mônica supervisora do programa bilíngue

Mônica Hermini de Camargo tem graduação e licenciatura plena em Português/Inglês pela Faculdade de Letras e Ciências Humanas da USP; Curso de Tradução e Interpretação - Associação Alumni; mestrado e doutorado em Literatura Inglesa pela FFLCH-USP; pós-graduação lato sensu em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica; pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia; participação na elaboração de três séries de livros didáticos para ensino médio pela editora Richmond, um deles aprovado no PNLD, e na elaboração de material para as publicações preparatórias do ENEM da editora Saraiva de 2009 a 2013; mais de 30 anos em sala de aula de inglês, literatura de língua inglesa e prática de ensino em cursos de graduação e pós graduação. Atua na formação de professores e na avaliação de candidatos para as certificações internacionais.